Ilustração do Uso do Protocolo Flash Criativo no luto

Ajudando o cliente a entrar na janela de tolerância

Chamarei de Alice, uma jovem de 24 anos, que mora sozinha em uma cidade distante da família. Alice buscou psicoterapia por sentir-se ansiosa e com dificuldades em superar o fim de um relacionamento amoroso.

Em sua história, conta sobre sua mudança de cidade para realizar a faculdade no mesmo ano em que sua mãe faleceu, um mês depois do diagnóstico de uma doença rara. A relação entre elas era de muita afinidade e amor, e Alice preferiu não abordar o luto na terapia, referindo não conseguir mais chorar.

Depois de um ano de terapia, resolvido seu problema amoroso, questões profissionais ocuparam o espaço, relatando frustrações e mais sofrimento. Percebemos que suas atitudes positivas e escolhas saudáveis não eram suficientes para conter o sofrimento do luto materno, desde seus 19 anos.

Foi então que decidi propor à Alice o Protocolo Flash Criativo, na versão de Erica Wilcox, conhecendo seu gosto por música e artes. Escolhi esse Protocolo por saber o quanto Alice evitara abordar essa perda tão importante e ainda tão sofrida. E por saber que o luto estava bloqueado em sua elaboração natural.

Expliquei o Protocolo, com ênfase no “Foco de Engajamento Positivo”. Alice escolheu sua música favorita e coloriu um desenho até a série 5 do protocolo. Com a diminuição do nível de perturbação relacionada ao luto, sugeri que prosseguíssemos com o Protocolo Clássico de EMDR.

Então, foi possível acessar a emoção dentro da janela de tolerância terapêutica, e com o entrelaçamento cognitivo de luto, ocorreu uma despedida adequada.

Ao final da sessão, surgiu uma lembrança engraçada de Alice com sua mãe, trazendo alívio ao sofrimento. Como o reprocessamento continua após a sessão de EMDR, é provável que outras lembranças positivas sejam resgatadas, e que a dor do luto seja substituída por saudades e gratidão pelo tempo que passaram juntas.

Vemos então como o Protocolo Flash Criativo pode ser utilizado na fase 2 do Protocolo Clássico de EMDR, preparando o cliente para tratar um tema muito dolorido, levando em consideração que é essencial trabalhar dentro da janela de tolerância para que o resultado seja terapêutico.

- Viviane Berton de Fraga Bozzo é Licenciada da Metodologia TraumaClinic e atende em Porto Alegre, online e presencialmente. Saiba mais.

Categorias: : EMDR, Flash Criativo, Janela de Tolerância, Protocolo Flash

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